terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A CORPOREIDADE NA EDUCAÇÃO DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS

SIMÃO, Jalmiris Regina O.R.
A inserção de atividades corporais nos currículos da educação de jovens e adultos aponta para uma possibilidade de diálogo com a história destes indivíduos e a Arte, como exposto no capítulo II, artigo 26º da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional/96, devendo se constituir componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da Educação Básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
O professor e coreógrafo Ivaldo Bertazzo (2004) afirma que a educação em Arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências. Para ele o corpo, a emoção e integração facilitam a aprendizagem. Assim, entendendo-se corporeidade como a maneira pela qual o cérebro reconhece e utiliza o corpo como instrumento relacional com o mundo, reforça-se a afirmação dos Parametros Curriculares Nacionais-Arte (1997) que a linguagem corporal, a motricidade está ligada à atividade mental e a dança pode expressar a emotividade e o pensamento de determinada cultura.
Como apontado por Costa (2001) com relação a atividades de corporeidade, o Projeto Let´s Dance não visa “o desempenho técnico e a performance”, mas disponibiliza “um espaço criativo, de liberdade e de conhecimento expressivo” e tem como um dos alvos “a ampliação de perspectivas e desenvolvimento de potencialidades selecionadas pelos sujeitos dentro de um contexto mais amplo e unificador (sujeito/corpo/sociedade)”, Como dito por Oliveira (2007) pode ser identificado como “uma interação mais plena e satisfatória do aluno com o mundo físico e social à sua volta”.
Admitir a corporeidade é (...) olhar o expressivo, a dinâmica, a fala oculta do corpo, sempre carregada de intencionalidade. É abrir espaços para que o sensível flua naturalmente acompanhando a dinâmica da vida. (...) Olhar a corporeidade é observar os vínculos que se estabelecem com a subjetividade, o mundo vivido, os valores existenciais, carregados de história e símbolos na intenção de satisfazer necessidades e desejos próprios, ou não.(Costa, 2001).
O aprendizado ao longo da vida e a possibilidade de educar para responder aos desafios da sociedade, como forma de emancipação, reflete a educação como instrumento de transformação global do homem, tendo como essência a dialogicidade, a pedagogia crítica como práxis social, que contribui para revelar a ideologia encoberta na consciência das pessoas (Freire, 1997). A natureza política da educação, proposta fundamentada por Freire, aponta para uma educação formadora que não banaliza a supressão de conteúdos, a não disponibilização de múltiplas vivências educativas, característica de uma educação compensatória. O educador sempre se manifestou, em sua vida e obra, contrário à transferência mecânica do conteúdo, à passividade e à neutralidade do currículo.
BIBLIOGRAFIA
BERTAZZO, Ivaldo. Programa Ação e Cidadania. Rio de Janeiro: TV Globo, 2004.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96. Brasília: Senado, 1996.
COSTA, Geni de Araújo. Corporeidade, atividade física e envelhecimento: desvelamentos, possibilidades e aprendizagens significativas. In: KACHAR, Vitória (Org.).Longevidade um novo caminho para a educação. São Paulo: Cortez, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

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